O que é FireWire?
FireWire é uma tecnologia que permite a conexão e a comunicação em alta velocidade de vários dispositivos entre si, especialmente entre um computador e um ou mais aparelhos compatíveis. Por trás de seu desenvolvimento está ninguém menos que a Apple (embora outras entidades e empresas tenham participado de sua criação), que trabalhou nessa tecnologia durante os anos de 1990. Em 1995, a tecnologia recebeu a padronização IEEE 1394, razão pela qual alguns fabricantes utilizam essa denominação ao invés de FireWire, já que este último nome é, na verdade, registrado pela Apple. Nesse contexto, é importante frisar que a Sony, umas da primeiras empresas (além da própria Apple) a utilizar essa tecnologia, a denomina i.LINK.
O FireWire foi criado tendo como meta atingir vários objetivos, como: permitir uma conexão rápida e fácil de vários dispositivos, permitir uma taxa de transmissão de dados alta e estável, ter custo viável de fabricação, funcionar como "plug-and-play" (isto é, o aparelho deve funcionar assim que plugado) e permitir que a transmissão de dados e a alimentação elétrica sejam feitas pelo mesmo cabo.
Sabe-se que os computadores da Apple são muito utilizados em aplicações que envolvem vídeo e áudio. Trabalhos desse tipo geralmente fazem uso de vários gigabytes. É por causa disso que o padrão FireWire "serviu como uma luva" aos usuários da Apple, pois se, por exemplo, um cinegrafista necessita passar para seu iMac um filme realizado em sua filmadora digital, poderá fazer isso rapidamente utilizando uma conexão FireWire. A indústria logo percebeu essa vantagem, e é por isso que hoje é possível encontrar computadores e outros dispositivos de várias marcas com essa tecnologia. No início, apenas poucas companhias faziam parte desse rol, entre elas: JVC, Matsushita (Panasonic), Canon, Kodak e a já mencionada Sony.
A imagem a seguir mostra um computador Apple Mac Pro G5 com entradas FireWire 400 e FireWire 800:
Características do FireWire
A tecnologia FireWire conta com mais de uma versão, mas a primeira, também conhecida como "FireWire 400" ou "IEEE 1394a", já impressionava por seus recursos:
- Velocidade de transmissão de dados de 400 Mb/s (aproximadamente 50 MB por segundo);
- Velocidade flexível: possibilidade de funcionar em três velocidades: 100 Mb/s (S100), 200 Mb/s (S200) e 400 Mb/s (S400);
- Capacidade de trabalhar com até 63 dispositivos ao mesmo tempo;
- Reconhecimento imediato do dispositivo pelo sistema operacional após a sua conexão (plug-and-play);
- "Hot pluggable", isto é, um dispositivo pode ser conectado ou desconectado a qualquer momento, sem ser necessário desligá-lo;
- As conexões podem contar com até 45 Watt de potência;
- funcionamento integral com cabos de conexão de até 4,5 metros.
Só para efeitos comparativos, a tecnologia USB 1.1 trabalha com uma taxa de transmissão de dados de 12 Mb/s (equivalente a 1,5 MB por segundo). Por causa disso, o USB recebeu um "upgrade" que o tornou um pouco superior ao FireWire 400: o USB 2.0, cuja taxa de transmissão é de 480 Mb/s. Mas não demorou muito para que o padrão FireWire também recebesse uma nova versão: em 2002, o mercado conheceu o "FireWire 800" (ou "IEEE 1394b"), cujas principais características são:
- Velocidade de transmissão de dados de 800 Mb/s (o dobro do padrão anterior);
- Compatibilidade com cabos de conexão de até 100 metros;
- Compatibilidade com dispositivos que usam o barramento FireWire 400 (na prática, essa característica pode depender do equipamento).
Vale frisar que, além do FireWire contar com as versões IEEE 1394a e IEEE 1394b, há também uma versão lançada antes destas: a versão original (IEEE 1394-1995) que, após algumas mudanças em suas especificações, se transformou no que conhecemos hoje como IEEE 1394a. Note que você poderá encontrar com muita freqüência esse nome nos dispositivos compatíveis com a tecnologia, já que a Apple detém direitos sobre a denominação FireWire, como já informado antes.
Funcionamento do FireWire
Em sua essência, a tecnologia FireWire é um barramento de transmissão de dados do tipo serial. Quando um dispositivo é conectado a outro usando essa tecnologia (por exemplo, quando um HD externo é conectado à entrada FireWire de um computador) ou quando é necessário a ligação de dois barramentos, a conexão é estabelecida por um circuito normalmente chamado de "ponte" (brigde). Quando isso ocorre, a transmissão de dados pode ser feita de modo bidirecional, isto é, ambos os dispositivos podem receber e enviar informações pela mesma conexão. No caso do FireWire 400, a transmissão de dados é feita através de um esquema de codificação chamado Data/Strobe (D/S), enquanto que o FireWire 800 incorpora a codificação de nome 8B10B. Este último esquema consegue fazer com que haja menos distorção no sinal da transmissão, conseqüentemente, fazendo com que haja menos perda de dados. Essa é uma das características que ajudam o FireWire 800 a ter praticamente o dobro de velocidade do padrão anterior.
A transmissão de dados através da tecnologia FireWire também conta com um recurso interessante: um modo de funcionamento "isócrono". Na prática, isso significa que é possível transmitir dados de um dispositivo para outro em tempo real, sem influência de qualquer mecanismo que retarde significantemente a transmissão. Essa funcionalidade é especialmente atraente para uso em câmeras de vídeo digitais ou HDs externos, por exemplo, uma vez que usuários desses dispositivos podem trabalhar com grande volume de dados sem perder muito tempo.
Nas conexões FireWire não é obrigatório ter um dispositivo "concentrador" para que todos os aparelhos envolvidos se "enxerguem". O próprio barramento faz com que cada um se enxergue mutuamente, mesmo quando há mais de dois em uma mesma conexão. Esta, aliás, possui um esquema de "árvore", ou seja, os dispositivos são conectados um ao outro por hierarquias. Para que isso ocorra, é necessário que um dos dispositivos tenha um código de identificação (ID) que o indique como sendo o principal, o "nó raiz". A partir daí, os dispositivos restantes vão recebendo IDs inferiores. Via de regra, quanto mais longe estiver o dispositivo do nó raiz, mais baixo é seu ID.
Pode-se dizer que esse ID é, basicamente, dividido em duas partes: ID físico e ID do barramento. O ID físico, geralmente composto de 6 bits, distingue um nó da conexão (isto é, um dispositivo) dentro de um barramento. O segundo ID, por sua vez, distingue o barramento, e é composto por 10 bits.
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