Engenheiros americanos anunciaram na quarta-feira a produção do primeiro computador feito completamente de microscópicos "nanotubos" de carbono, em um grande avanço na busca por dispositivos eletrônicos cada vez mais rápidos e menores.
Embora apenas execute funções básicas com velocidade comparável a de um computador dos anos 1950, a minúscula máquina foi saudada como um novo paradigma na busca por uma alternativa aos transistores de silício, que controlam o fluxo de eletricidade em microchips de computador.
Nanotubos de carbono são chapas de átomos de carbono de camada única enroladas. Dezenas de milhares deles podem caber na extensão de um único fio de cabelo humano. Eles são flexíveis e têm a maior relação força-peso entre qualquer material conhecido. O silício é um bom semicondutor, mas não pode ser reduzido a uma camada tão fina.
Max Shulaker, estudante de doutorado em engenharia elétrica na Universidade de Stanford, mostra um wafer cheio de computadores de nanotubos de carbono |
Cientistas acreditam que a estrutura de nanotubos de carbono possa melhorar sua capacidade de carregar correntes - originando, assim, transistores que sejam mais rápidos, com maior eficiência energética e menores do que o silício -, mas atualmente construir chips com nanotubos tem se mostrado difícil.
"As pessoas falam de uma nova era de equipamentos eletrônicos de nanotubos de carbono após o silício", afirmou o professor de engenharia da Universidade de Stanford Subhasish Mitra, que chefiou a pesquisa.
"Mas tem havido poucas demonstrações de sistemas digitais completos usando esta tecnologia excitante. Aqui está a prova", continuou.
O nanocomputador, produzido em um laboratório na Escola de Engenharia da Universidade de Stanford, tem o tamanho de apenas alguns milímetros quadrados e é capaz de executar contagens simples e ordenar números usando 178 transistores, cada um contendo entre 10 e 200 nanotubos.
Sua capacidade de processamento é de 1 kilohertz (KHz), milhões de vezes menor do que a dos computadores atuais.
O limite de 178 transistores se deveu a que os cientistas usaram uma fábrica de chips da universidade ao invés de uma instalação industrial, o que significa que, em tese, o computador poderia ser muito maior e mais rápido, segundo um comentário sobre o estudo, publicado na revista Nature.
A máquina tem um sistema operacional básico que é multitarefa e alterna entre dois processos, acrescentou.
Embora possa levar anos, o estudo de Stanford apontou para a possibilidade de uma produção em escala industrial de semicondutores de nanotubos de carbono, disse Naresh Shanbhag, diretor de um consórcio de projetos de chips de computador, em um comentário publicado pela universidade.
"Estes são passos iniciais e necessários para levar os nanotubos de carbono do laboratório para o ambiente real", acrescentou Supratik Guha, diretor de ciências físicas do Centro de Pesquisas Thomas J. Watson, da gigante do software IBM.
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